20/10/2023
Campus Anápolis

A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás realizou, na tarde desta sexta-feira, 20, no Plenário Iris Rezende, sessão solene em reconhecimento aos avanços científicos e terapêuticos da cannabis medicinal e para a entrega do Certificado do Mérito Legislativo a 30 personalidades por contribuírem com a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias para se produzir tratamentos com os derivados da planta. Os trabalhos foram conduzidos pelo deputado Lincoln Tejota, autor da iniciativa.

Além de Lincoln Tejota na presidência, a mesa foi composta pelos seguintes nomes: presidente da Associação Educativa Evangélica, Augusto Cesar Rocha Ventura; presidente da Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal (Agape), Yuri Bem-Hur da Rocha Tejota; pró-reitor da Universidade Evangélica de Goiás, Sandro Dutra e Silva; professor titular de química medicinal e pesquisador do Instituto de Pesquisa em Ciências Farmacêuticas da University of Mississippi, Robert John Doerksen.

Logo na abertura da sessão, Lincoln elogiou a iniciativa da Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA) de promover pesquisas com a cannabis para fins medicinais. “A UniEVANGÉLICA tem sido visitada por inúmeros colegas desta Casa que querem apoiar a pesquisa e querem aportar emendas. E eu fico muito feliz porque os próximos passos que a nossa sociedade precisa tem de ser baseados em pesquisa, em estudo. Obviamente também buscando atender ao sentimento social e para isso a gente precisa de pessoas que saibam fazer”, salientou.

Os professores Rodrigo Álvaro Brandão Lopes Martins, Lucas Danilo Dias e James Oluwagbamigbe Fajemiroye (James Fajemirói), que atuam como docentes e pesquisadores no Mestrado em Ciências Farmaceuticas da UniEVANGÉLICA, foram homenageados.

Augusto César Rocha Ventura, presidente da Associação Educativa Evangélica (AEE) de Anápolis, disse que o conhecimento que já existe precisa ser divulgado cada vez mais. “Novos conhecimentos são adquiridos apenas com pesquisa e, na nossa instituição, estamos desenvolvendo programas para isso, é uma premissa da instituição que conhecimentos novos sejam aplicados na vida social”, sublinhou.

Sandro Dutra e Silva, Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Ação Comunitária da UniEVANGÉLICA, disse, em pronunciamento, que é importante discutir o desenvolvimento da pesquisa em diversas áreas, havendo uma integração entre ciência, política e setor produtivo. “Projetos como a cannabis terapêutica são fundamentais para o desenvolvimento da ciência e para ajudar as pessoas que dela precisam”, afirmou.

O deputado Lincoln Tejota citou ainda o caso de sua própria esposa, Gabriela Tejota, que enfrentava um problema crônico de enxaqueca e encontrou na cannabis um tratamento que deu resultado. “Então, eu queria agradecer à Agape (Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal), não só pela minha esposa, mas pelos inúmeros pacientes que eu conheço. Muitos deles eu encaminhei. Muitos batem aqui na nossa porta. Vêm na Assembleia, procuram os deputados. Eles pedem o contato e a gente acaba encaminhando. E vocês fazem um atendimento de qualidade. Então, eu quero parabenizar a Agape”, disse.

Lincoln citou reportagem publicada na imprensa, que aponta que pesquisas mostram que a cannabis é eficiente para deter o mosquito da dengue. “De acordo com a pesquisa, o extrato da planta se mostrou eficiente para impedir a evolução da larva do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e outras arboviroses. Então, eu acredito que a gente tem muita coisa para acrescentar e para somar”, afirmou.

O presidente da Agape, Yuri Tejota, disse, em seu discurso, que vem de uma família com poucos recursos no início e muito trabalho. “Qualquer um dos filhos do Sebastião e da Betinha Tejota sabia que o incentivo à educação e a qualquer curso era sempre valorizado”, afirmou. Ele ainda exaltou a parceria entre a Agape e a UniEVANGÉLICA.

“Quem era apaixonado por história acaba se apaixonando também por pesquisa científica, chego a ficar assustado com negacionistas, se meu irmão venceu a meningite três vezes foi por causa da ciência, então, quero agradecer essa oportunidade de divulgar a Agape, a gente tinha essa visão para avançar, a proibição da cannabis é ruim para a sociedade e precisamos amadurecer isso em nível institucional, temos que gerar meios e caminhos para isso avançar”, afirmou também.

“A cannabis tem o poder de melhorar várias doenças e eu tinha que abraçar essa causa, a enxaqueca crônica, por exemplo, tem melhora significativa com a cannabis medicinal, então, fico muito honrado em poder falar aqui e poder participar do cotidiano da Agape, então, agradeço a todos os membros que sonham comigo”, finalizou.

Semelhanças

O professor de química medicinal e pesquisador do Instituto de Pesquisa em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Mississippi, Robert John Doerksen, disse que os estados de Goiás e Mississipi têm muitas semelhanças. “São estados no meio de seus países, os habitantes têm orgulho de serem dos seus estados e agora já há jurisdições permitindo o consumo da cannabis, sobretudo com propósitos medicinais”, afirmou.

Ele fez um histórico da cannabis nos EUA e disse que, em 1929, era vendido nas farmácias o extrato de cannabis, que acabou se tornando ilegal em 1937, mas o interesse de pesquisadores nunca cessou. “Hoje em dia, ela é usada até para tratar a perda de apetite em pessoas soropositivas, então, precisamos falar da importância do THC e do CBD para tratar epilepsia, controle motor, inflamações decorrentes de AVCs, alívio de dores, problemas renais e, felizmente, o governo dos EUA oferece amplo apoio a esse tipo de pesquisa há 55 anos”, assinalou.

“A Universidade do Mississipi tem plantações diferentes de diversos tipos de cannabis e ela também tem a expertise de poder isolar componentes como THC ou CBD em diversos medicamentos, também de forma sintética, e da mesma forma estudamos ainda outras plantas que podem trazer benefícios similares”, apontou.

Ele ainda destacou que 23 dos 50 estados norte-americanos permitem o uso medicinal e 15 deles permitem também o uso recreativo da cannabis, com resultados animadores para os pesquisadores. “Os plebiscitos começaram em 1996, em seis Estados, e a legalização só aumentou de lá para cá”, destacou Robert. Ele ainda afirmou que no início não havia tanto controle de qualidade e hoje esse controle nos estados é mais rígido, graças à ciência, havendo também arrecadação ampla de impostos, o que antes não ocorria por conta da ilegalidade.

Confira a relação completa de quem recebeu o Certificado do Mérito Legislativo:

Bruno Prudente de Macedo;

Caio Cesar Adorno Medeiros;

Cláudio Calixto Carlos Da Silva;

Daniel Borges Campos Neto;

Derick Carniello Rezende;

Dowanne Fernanda Mendonça de Morais;

Emily Araújo Silva;

Felipe Cordeiro de Lima Camargo;

Filipe Barsan Suzin;

James Oluwagbamigbe Fajemiroye (James Fajemirói) - UniEVANGÉLICA;

João Paulo Martins Fagundes;

José Guilherme Abrão Firmino;

Lucas Danilo Dias - UniEVANGÉLICA;

Lucas José Santos Mascarenhas;

Lucas Mesquita Costa;

Ludmilla Abdalla;

Marcela de Melo Ramos Rodrigues;

Matheus Miranda França;

Matteus Dayrell Rezende Jacarandá;

Paula Bruno Valadão Rezende;

Paulo Assis Kossa;

Pedro Henrique Ferreira Vaz;

Rafaela Nunes Pedrozo Tejota;

Robert John Doerksen (Dórkesen);

Rodrigo Álvaro Brandão Lopes Martins - UniEVANGÉLICA;

Ronaldo Freua Bufáiçal Filho;

Sarah Ribeiro Issy;

Silvana do Socorro Silva Ferreira;

Simon Teixeira Costa;

Tiago Belém Caldas;

Yuri Ben-Hur da Rocha Tejota.

Com informações da Alego